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O PAPEL DAS CIDADES INTELIGENTES NA NEUTRALIDADE CARBÔNICA

27/04/2022 / Por AmaraNZero
Elas representam apenas 3% da superfície do planeta, mas estão cada vez mais habitadas. As cidades assumem o importante papel de caminhar para um futuro mais sustentável e inclusivo, sempre de mãos dadas com os cidadãos.
O papel das cidades inteligentes na neutralidade carbônica

Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), estima-se que, em 2050, mais de seis bilhões de pessoas viverão nas cidades, 70% da população mundial. Esta é precisamente a data fixada pelos Estados membros da União Europeia para cumprir os objetivos de neutralidade carbónica, pelo que se impõe um desafio ainda maior. O ritmo de crescimento da urbanização continua acelerando. As cidades e as áreas urbanas são o cenário onde se produz 60% da riqueza mundial, mas para isso utilizam entre 60 e 80% da energia produzida pelo mundo.

Pode-se até dizer que a cidade é o ecossistema mais humano do planeta, é onde o homem cresce, evolui e transforma sua vida. A cidade é palco de grandes inovações, de grandes decisões que mudaram o rumo da história. Mas na maioria das vezes, ao custo de uma pegada de carbono cada vez mais desproporcional, é cada vez mais difícil ter acesso aos recursos de que se precisa, com perdas dramáticas para o meio ambiente. Neste momento, é urgente dar voz à sustentabilidade nas áreas urbanas. Hoje não é mais uma mera opção, será até uma necessidade para as cidades terem futuro.

Este é realmente um dos grandes desafios que as cidades enfrentam hoje: encontrar um equilíbrio entre o que recebem e o que dão à natureza. No futuro, as cidades também terão que gerar suas próprias contribuições, sem depender tanto do meio ambiente. Será que a única maneira de produzir tanta riqueza é consumir tantos recursos? Não, e é por isso que é urgente repensar estes espaços, dotá-los de inteligência, sem perder o conforto e o bem-estar com que acolhem os seus residentes.

O que são cidades inteligentes?


Por exemplo, a União Europeia define cidades inteligentes como locais “onde as redes e serviços tradicionais se tornam mais eficientes, com o uso de tecnologias digitais em benefício de seus habitantes e empresas”.

Além disso, uma cidade inteligente também significa uma administração municipal mais interativa, preventiva e reativa, que atende melhor sua população em múltiplos domínios:

  • Co-desenhar soluções de ordenamento do território com os cidadãos, como mobilidade, energia, abastecimento, entre outras;
  • Redes de transporte e mobilidade mais adaptadas às necessidades das pessoas e do território e mais sustentáveis, tirando partido de sistemas inteligentes;
  • Instalações de abastecimento de água com menos perdas;
  • Gestão sustentável de resíduos com objetivo de circularidade;
  • Eficiência energética no aquecimento e refrigeração de edifícios e iluminação.
     

Podemos dizer que esta é uma das definições padrão de uma cidade inteligente. Mas há muitos outros que são dados por exemplo pela energética portuguesa EDP. José Campos Costa, responsável pela área de Comunidades Energeticamente Positivas da EDP NEW, acrescenta que é uma cidade que ouve os seus cidadãos, permitindo-lhes ser exigentes nas suas necessidades e dar-lhes resposta. Uma cidade que conduza ao empoderamento dos seus cidadãos, que terão as ferramentas para assumir um papel mais ativo e solidário, num ciclo harmonioso”. José Campos Costa lembra que "uns dizem que uma smart city é uma abstração, outros que é um conceito puramente tecnológico", mas acredita que "deveria ser muito mais do que isso''. Diria mesmo que é uma ambição antiga, que não nasceu apenas com o alvorecer da tecnologia. Mas, é fácil fornecer inteligência às cidades? Os desafios são enormes, mas as oportunidades também não faltam.

Os principais desafios das cidades de hoje


POCITYF: o caminho para a transição energética

É dentro desta ambição que se enquadra por exemplo um dos projetos europeus, o POCITYF (Positive Energy CITY Transformation Framework), um projeto para cidades e comunidades inteligentes liderado pela EDP Labelec e EDP NEW. Tem um orçamento de 22,5 milhões de euros e uma duração de cinco anos (2019-2024), num consórcio constituído por 13 países: Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Grécia, Holanda, Eslovénia, Hungria, Dinamarca, Finlândia, Áustria, Bélgica e Suíça.

“POCITYF é um projeto que vai ajudar a responder à difícil questão de como podemos tornar mais sustentáveis ​​as cidades com valioso património histórico, como Évora e Alkmaar, explica José Campos Costa. E por que? “Porque nestas áreas existem mais restrições regulamentares para proteger este património, que impedem a instalação de soluções mais convencionais (como os painéis fotovoltaicos) para não alterar a paisagem arquitetónica ou mesmo cultural. O desafio torna-se assim muito maior para a própria cidade, que deve estar dotada de ferramentas inovadoras que permitam aos cidadãos fazer a transição energética, enquanto habitantes destas áreas”.

Classificada pela UNESCO como Património da Humanidade, Évora foi escolhida para fazer parte deste projeto não só pela sua componente histórica, mas também por ter sido a primeira cidade em Portugal a ter uma rede de distribuição inteligente, através do projeto InovGrid de E-redes. Isso também fez com que Évora também fosse o cenário do InovCity, um sistema de smart cities focado em redes inteligentes.

A conetividade 5G e a transição energética


Impossível falar de cidades inteligentes sem falar nas telecomunicações que são um serviço essencial para a comunicação.

rede de quinta geração, a 5G,  será a tecnologia de comunicação mais transformadora desta geração, permitindo um universo de novos serviços, incluindo recursos avançados de gerenciamento de energia que serão críticos para enfrentar os desafios da sustentabilidade.

Até 2025, espera-se que a tecnologia 5G seja até 100 vezes mais eficiente que o 4G. Este é um número positivo, mas tem outra leitura: o grande aumento na demanda de dados aumentará as necessidades de energia. Nesse sentido, estima-se que a demanda por TIC aumentará a demanda global por energia de 2 a 7% até 2030.

Para que o crescimento das telecomunicações seja sustentável, é vital que este setor funcione com energias renováveis”, Esta afirmação foi ouvida na conferência da Wind Europe que abordou como as operações de rede móvel podem reduzir seu impacto ambiental aumentando a eficiência da tecnologia 5G.

A tecnologia 5G tem o potencial de desempenhar um papel importante na transição energética, ajudando a melhorar a eficiência energética de todos os setores industriais”.