Ondas de calor e o impacto no setor energético: como a energia solar pode ser a solução?

Em um primeiro ponto, podemos citar que essas mudanças refletem em um maior consumo de energia elétrica – pela intensificação de uso de aparelhos de ar-condicionado, ventiladores, freezers, etc. Isso causa impacto no sistema elétrico nacional, que demanda uma maior quantidade de geração de energia pra atender a todo esse consumo. Uma previsão errônea neste quesito pode ocasionar faltas de energia (apagões), ou até mesmo energia com um custo elevado caso o despacho das usinas hidrelétricas não seja feito de uma maneira eficiente, ou previsões hídricas não se concretizem como o esperado, visto que isso demanda o uso de usinas termelétricas, poluentes e com o custo de energia elevado.
Como já sabemos, a melhor forma de mitigar, isto é, com o uso de energias provenientes de fontes limpas, renovável, que contribuirão para uma maior diversificação e confiabilidade do nosso sistema interligado nacional. Porém, estas mudanças climáticas que vem ocorrendo podem também impactar na eficiência destas outras fontes de energia?
Quando falamos de geração de energia elétrica através da matriz fotovoltaica, temos alguns impactos que podem ser resultantes destes fenômenos climáticos:
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Aumento das temperaturas pode ter impacto negativo na geração, visto que a eficiência dos módulos fotovoltaicos e inversores é reduzida com esse aumento da temperatura.
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A geração de energia elétrica é diretamente proporcional a irradiação recebida pelos módulos, então a influência das mudanças climáticas pode também trazer impacto neste sentido, a partir da mudança das características da irradiação histórica no local (dias mais longos, mais curtos, menos ou mais dias chuvosos, etc.)
Já a energia eólica, visto que é gerada por uma fonte inesgotável, é uma excelente estratégia. Os estudos prévios à sua instalação contribuem para que estejam localizadas em locais estratégicos otimizando a geração de energia;
Não emite gases ou substâncias que prejudicam o meio ambiente, o que contribui para um ar mais limpo e considerando a ampla possibilidade de locais de instalação não afeta a população local com questões respiratórias;
Mesmo com períodos de baixos ventos é possível manter a geração de energia, isso mediante à toda uma engenharia utilizada na estrutura interna do aerogerador, com equipamentos que multiplicam e otimizam esse processo de transformação, por isso também a importância de manter as atividades preventivas e corretivas planejadas em dia afim de reduzir o desgaste dos componentes e a execução adequada diante das oscilações climáticas.
As energias renováveis já desempenham e continuarão a desempenhar papel fundamental na mitigação destes impactos. Fontes como energia solar e energia eólica possuem a capacidade de não só diversificar a matriz energética brasileira – trazendo maior confiabilidade ao sistema como um todo – como principalmente trazer uma maior segurança e robustez na ponta, ao cliente final. Isso porque ele tem a possibilidade de produzir sua própria energia, no seu telhado e, com o avanço das tecnologias de armazenamento de energia, sobrecarregar menos o sistema elétrico brasileiro e se ver imune a apagões, cada vez mais frequentes – seja por sobrecarga do sistema, seja por intercorrências climáticas (acidentes na rede ocasionados por ventos, chuvas, alagamentos, etc.)
Apesar de ser uma energia limpa e possuir um grande % da nossa matriz energética, as hidrelétricas já estão de alguma forma saturadas no país, sem grandes opções de novas usinas para expansão da capacidade de geração, além de todo impacto ambiental que os reservatórios podem causar. Temos visto ultimamente uma maior dificuldade para liberações ambientais para este tipo de usina. Aliado a isso, temos a redução de preços dos insumos para energia solar que vem ocorrendo nos últimos anos, tornando este tipo de usina muito atrativa, podendo assim, como comentado acima, através dos sistemas geradores fotovoltaicos de energia conseguirmos uma maior independência da rede elétrica da concessionária – ou até mesmo a total independência, em sistemas com armazenamento. Temas como a Lei 14.300, a redução do percentual da tarifa de energia que é compensada ano após ano quando se é injetado na rede da concessionária acabarão por impulsionar essa maior independência da rede elétrica nacional – os chamados sistemas híbridos ou até mesmo off-grid.
Assim, o aumento da temperatura e os desafios climáticos exigem soluções energéticas inovadoras. A energia solar e eólica não são apenas alternativas, mas caminhos essenciais para um futuro energético mais seguro e sustentável no Brasil.