Pular para o conteúdo principal
Solar

A corrente de operação do módulo é maior do que a do inversor? Entenda porque nem sempre isso é um problema! 2025

10/04/2025
A corrente de MPPT é a maior corrente na qual o inversor vai trabalhar oferecendo sua potência máxima, extraindo assim o máximo possível da potência FV instalada. A corrente de MPPT deve ser utilizada de modo que as strings sejam dimensionadas para obter o melhor desempenho do inversor.
Imagem sistema Fotovoltaico

O que é a corrente de MPPT

A corrente de MPPT é a maior corrente na qual o inversor vai trabalhar oferecendo sua potência máxima, extraindo assim o máximo possível da potência FV instalada.

A corrente de MPPT deve ser utilizada de modo que as strings sejam dimensionadas para obter o melhor desempenho do inversor.

 

Máxima corrente de entrada FV (corrente de MPPT), e a Máxima corrente CC

 

Na imagem acima é possível visualizar a Máxima corrente de entrada FV (corrente de MPPT), e a Máxima corrente CC de curto-circuito (corrente de curto-circuito).

Como é o caso de um inversor com 2 MPPTs, esse datasheet mostra as correntes máximas totais, e em seguida, entre parênteses, mostra a corrente em cada MPPT. Por exemplo, a corrente de MPPT aparece com 32A, mas quando dividida pelas MPPTs, cada MPPT tem 16A como corrente de MPPT. Nesse caso as correntes são igualmente divididas, mas podem ser diferentes, a depender do inversor.

Aqui devemos ter todo o cuidado para não confundir a corrente de MPPT com a corrente de curto-circuito, sendo que esta última jamais pode ser ultrapassada. Ultrapassar a mesma significa perda de garantia, e pode levar a queima do inversor, entre outros danos graves.

 

Dados e características elétricas

 

Vamos utilizar como exemplo o módulo de 705 Wp da imagem acima, considerando sua potência de MPP, que possui corrente de MPPT em 17,33A, a corrente de curto circuito em 18,36A. Porém é importante salientar que estes valores são em STC, e precisam ser aplicadas as devidas correções por temperatura, que depende das condições locais onde a usina será instalada.

Assim, as correntes de MPPT e de curto circuito vão variar de acordo com a temperatura dos módulos ao longo do dia. Com isso, quando vamos dimensionar uma string, devemos verificar se a corrente de MPPT da string está dentro ou pouco acima da respectiva corrente para o inversor, e se a corrente de curto circuito da string respeita o limite do inversor para a mesma.

Assim, vamos fazer uma análise computacional para entender se há impactos na utilização de módulos com Imp acima da nominal do inversor e, caso haja, qual a real influencia dessa utilização. Porém do ponto de vista de garantia, já podemos adiantar que não há qualquer impacto, como podemos ver abaixo em documento fornecido pelo próprio fabricante:

 

Documento Fabricante

 

Obstáculo de garantia superado, para realizar a análise computacional, vamos estudar dois sistemas utilizando o módulo de 705 Wp e 610Wp, com inversor de 4 kWp das imagens anteriores. Esses sistemas serão montados de modo verificar se essas strings se situam dentro do range de corrente de MPPT do inversor. Então, para a analisar a geração e perdas, vamos apresentar um estudo feito no PVsyst para esses sistemas.

Nesta imagem temos o resultado do PVsyst para o Sistema 1 (módulos 610Wp).

 

Diagrama de perdas

 

Nesta imagem temos o resultado do PVsyst para o Sistema 2.

 

Diagrama de perdas 2

 

Nesta imagem acima temos o diagrama de perdas para o Sistema 2, com destaque para a perda por corrente acima do limite, ou seja, perda por corrente ultrapassando a corrente de MPPT do inversor.

 

tabela 1tabela 2

 

Afim de termos uma melhor compreensão dos resultados, foi montada a tabela acima que compara alguns aspectos fundamentais. Podemos notar que a Produção especifica cai com o aumento da quantidade de módulos, mas isso se deve a outras perdas, como a de oversizing, por exemplo, visto que as perdas por corrente acima do limite estão em 0% em ambos os casos.

Essa “ausência” de perdas por corrente acima do limite se deve aos diversos ajustes que o controlador MPPT faz, atualizando constantemente a curva de corrente x tensão, de modo a extrair o máximo de potência que está sendo entregue pelos módulos. Desse modo, no caso de uma string que teoricamente teria uma corrente acima da corrente de MPPT, o controlador MPPT reduz a corrente e sobe a tensão, obtendo a potência máxima da string, sem clipping na curva de corrente.

O oversizing também ajuda com que não ocorram perdas por corrente, visto que na maioria das vezes o inversor vai limitar a corrente da string devido ao sobrecarregamento do inversor. Há outras variáveis e considerações a se levar em conta, mas isto pode ser visto de maneira muito simplificada no exemplo abaixo:

MPPT1:

Potência = Tensão X Corrente

4000 W = 366,3 V X Corrente à 4000 = 366,3 X Corrente

Corrente = 10,92 A

Neste caso, devido à baixa tensão dos módulos, foi utilizado apenas 1 string com 9 módulos, em uma MPPT. Usando os dados em STC a título de exemplificação, sem as correções necessárias por temperatura, temos que 9 * 40,7 = 366,3V. Em seguida é feito o cálculo da corrente que vai entrar nessa MPPT de acordo com a tensão da string.

Portanto a corrente de entrada por string fica muito abaixo dos 16A da corrente máxima de MPPT. Desta forma, não haverá nenhum tipo de perda por corrente, já que o inversor limita a corrente da string devido ao oversizing do inversor. O que corrobora com a simulação pvsyst exemplificada anteriormente, atestando a total compatibilidade e eficiência dessa combinação inversor/módulo neste caso.

Concluindo, mesmo em sistemas com corrente da string acima da corrente de MPPT do inversor, é quase sempre vantajoso utilizar, visto que as perdas vão ser mínimas, e na maioria dos casos nem vão ocorrer. O que não pode ser ultrapassado de maneira alguma é a corrente de curto circuito (corrigindo os efeitos da temperatura) pois isto além de danificar o inversor, acarretará em uma recusa da garantia por parte do fabricante.